Inflexões Avenses

quinta-feira, junho 28, 2007

Inflexões (a publicar dia 4 de Julho)

Comércio: Através do último Entre Margens ficamos a saber que foi aprovada a instalação de mais um supermercado na vila. Nessa edição já fez comentários e director deste jornal com os quais comungo de forma geral. Não estou contra a instalação deste tipo de estabelecimentos, no entanto, a sua localização deve merecer particular preocupação. Será mais um pleno centro da vila e, normalmente, este tipo de construção resume-se a um pavilhão sem grandes preocupações estéticas, juntando-se, no caso do Intermarché, um posto de combustíveis. Numa altura em que a tendência é a eliminação das gasolineiras dos centos urbanos destes país, não ficaria bem a instalação de mais um bem no centro da vila (não sei se o projecto contempla este serviço). A Vila das Aves ficará, em breve, com quatro superfícies deste género num raio de cerca de dois quilómetros quadrados (Lidl, Pingo Doce, Intermaché e Mini Preço). É muito, porque temo que alguns deles não aguentem a concorrência uns dos outros, mas é a lei do mercado. Não é bom augúrio a notícia de não renovação de contratos de alguns funcionários do Pingo Doce. Quanto à posição tradicional das associações comerciais, temo que já não encontre eco nos consumidores. Em vez de manterem o mesmo discurso, devem assumir a concorrência, adaptar-se a ela e combatê-la. Haja imaginação e engenho. Poderia pronunciar-me sobre a não auscultação da Junta de Freguesia em mais este processo, mas não vale a pena bater no ceguinho, porque ele já está bem marcado de tanta pancada.

Barreiras: Há certas coisas das quais só nos apercebemos quando passamos por elas. Durante anos convivemos com elas e nem nos apercebemos. Tudo é normal até fazer diferença. Estou a falar das barreiras arquitectónicas que grassam nas nossas terras e cidades e das quais Vila das Aves não foge à regra. Os mais modernos equipamentos da vila foram construídos já a pensar nestas situações, mas muito há a fazer. Há muitas passadeiras sem o necessário rebaixamento e muitos passeios estão em tal estado de degradação que são um obstáculo a quem circula em cadeira de rodas ou transporta um carrinho de bebé. Actualmente tenho de recorrer a este último e devo dizer que não é nada fácil fazer um trajecto tranquilo e sereno na nossa vila com o nosso rebento.

Reparo:
O reparo das minhas últimas Inflexões – ou outra coisa qualquer – terá surtido efeito pois constatei a limpeza (corte das ervas) da envolvente ao monumento comemorativo dos 50 anos de vila. Aproveitando o lanço, poder-se-á ir mais longe e ajardinar o local.

quinta-feira, junho 14, 2007

Inflexões (a publicar no dia 20 de Junho)

Carta Educativa: O concelho de Santo Tirso já tem a sua Carta Educativa aprovada. Foi apresentada publicamente há dias e preconiza investimentos de cerca de 10 milhões de euros, dos quais cerca de metade são para gastar no novo centro escolar de S. Tomé de Negrelos. Pelo que li através da nota à imprensa da Câmara de Santo Tirso parece-me que foram encontradas boas soluções para o concelho e, no que às Aves diz respeito, parece bem criar um único agrupamento na vila e haver uma separação total com a vila vizinha de S. Tomé de Negrelos. É bom para que o bairrismo não seja exacerbado e, com isso, venham a ser prejudicadas as crianças e os jovens alunos. O presidente da Câmara refere que a Carta Educativa “tem mais a ver com uma rede de infra-estruturas escolares do que propriamente com um projecto para gerir a educação”, mas entendo que deve ser muito mais que isso. Não há bom ensino sem boas condições, mas também é preciso muito mais que bons edifícios para haver bom ensino e boa educação. O projecto educativo não é tarefa municipal em cada escola, no entanto, o município poderia funcionar como elemento congregador de um único projecto concelhio, embora respeitando as especificidades e autonomia de cada escola e agrupamento.

Associativismo: Não é fácil, nos dias de hoje, trabalhar no mundo associativo e social. Trabalha-se a troco de nada e, por vezes, critica quem não conhece a realidade de cada caso. É fácil criticar quem está de fora e muitas das vezes quem critica nem procura saber e indagar da veracidade das suas considerações. Critica-se por criticar e escreve-se por escrever. Aproveito a deixa para enaltecer o torneio de escolinhas que a Associação do Complexo Habitacional de Ringe organizou. Num meio difícil e num contexto nada fácil de um bairro social, fazer nascer uma iniciativa que trouxe mais gente ao estádio do Aves do que muitos jogos da Primeira Liga é, por si só, digno de registo, mas merece ainda maior referência porque se trabalhou em prol dos mais pequenos que gostam de praticar desporto, neste caso, o futebol. Numa tarde de Verão, foi contagiante ver a alegria dos mais pequenos correr atrás da bola, alguns a tentar imitar ídolos – como o Figo ou o Cristiano Ronaldo – mas ao mesmo tempo a tombar sobre uma bola que é quase do seu tamanho.

Reparo:

Passando junto ao viaduto sobre o caminho-de-ferro, na Estrada Nacional 105, é desolador ver a envolvente ao monumento evocativo dos 50 anos de vila. Apesar de polémico, não deixa de constituir uma espécie de “hall de entrada” para quem chega à nossa terra. Deparar-se com um monumento rodeado de ervas daninhas não é bonito. A Junta poderá dizer que a competência de tratar dos jardins é da Câmara e esta dizer que o monumento é da Junta e por isso é esta quem deve tratar da sua envolvente. Uma e outra entidade poderão ter uma visão correcta mas, uma vez na vida, não poderia haver uma destas entidades a ser capaz de engolir o sapo e fazer algo tão simples quanto limpar pouco mais que um canteiro de jardim. Se calhar é demais, pedir tal coisa.

sexta-feira, junho 01, 2007

Inflexões (a publicar dia 6 de Junho)

D. Aves: Todos ficamos tristes com a despromoção do nosso Desportivo das Aves. Como já ouvi em muitos lados, tivemos o pássaro na mão no jogo com o Estrela e deixamo-lo fugir. Ainda colocamos o país em suspenso quando empatamos no Dragão, mas foi sol de pouca dura e o que estava destinado aconteceu. Mais que derramar lágrimas é tempo de arregaçar as mangas e continuar o trabalho que orgulha todos os avenses, na instituição mais emblemática da vila. Apesar de resignação pela descida, não deixa de merecer reflexão, os incumprimentos legais de muitos clubes do nosso futebol. Sete da primeira liga e outros tantos da segunda estão em incumprimento. Já ouvi responsáveis do Beira-Mar afirmarem que poderão vir a reclamar a permanência por este factor, lembrando episódio recente do Caso Mateus e todas as suas repercussões. Entendo que o Aves não deve ir por aí, porque não deixo de dar mais valor àquilo que é alcançado dentro das quatro linhas. A haver mudanças – e deviam acontecer – deviam acontecer com origem no topo da hierarquia do futebol português. Deveria ser a Liga ou a Federação ou quem quer que seja a determinar que caso haja algum incumprimento, o clube deve ser penalizado. Como estão as coisas, os clubes cumpridores – como o Aves – acabam por ser seriamente prejudicados. Neste nosso país falta coragem política para agir e deverá haver compadrios a mais. Em Itália, país latino como o nosso e ainda mais fervoroso que o nosso pelo futebol, houve sérias consequências para grandes emblemas do futebol mundial, como a Juventus. Lá, a vida continua e o clube continua. Infelizmente, duvido que tal pudesse acontecer no nosso país e no nosso futebol.

OTA:
Deixem-me juntar à festa em que toda a gente fala do novo aeroporto de Lisboa e toda a gente opina se a Ota é boa ou má opção. Toda a gente fala e cada vez menos os portugueses percebem do que se fala, por vezes, tenho até a sensação de que quem fala sobre o assunto também pouco percebe do mesmo, aumentando a confusão. Não estranho, por isso, uma recente sondagem, cuja maioria dos inquiridos, pede mais informação e mais estudos. Seria sensato, nesta altura, parar o processo, embora tal represente também custos elevados, tendo em conta tudo o que já foi feito e gasto. O curioso seria, se realizados esses estudos, a melhor opção recaísse novamente na Ota. A oposição descobriu neste assunto um dos poucos filões onde pode atacar o Governo e está a espremer o assunto até ao tutano e a conseguir provocar nervosismo no Governo. Basta ver a forma precipitada e pouco feliz como o ministro Mário Lino defendeu a Ota quando falou da margem Sul do Tejo. Marques Mendes também não se saiu muito bem quando logo a seguir disse que o ministro “não está bom da cabeça”. De um lado e do outro, os ânimos estão exaltados e as eleições em Lisboa vieram animar ainda mais a política lusa, numa altura, em que, normalmente, as coisas começam a serenar e a “Silly Season” começa a instalar-se.