Inflexões Avenses

quinta-feira, março 25, 2010

Inflexões (publicadas hoje, 25 de Março)


(Des)emprego: Com mais de meio milhão de portugueses sem trabalho, o desemprego é talvez dos maiores problemas que o nosso país enfrenta. É um número impressionante. Mais que uma estatística estamos perante pessoas, perante famílias que estão a viver dificuldades e, no mínimo uma situação, desconfortável. Só quem por lá passou pode explicar, o sentimento que se tem e que se vai acumulando dia a após dia à procura de uma oportunidade. Este – acredito – será o sentimento da maioria dos desempregados. Lutar diariamente por uma nova oportunidade. Digo maioria e não todos, porque sabemos que não é assim. Esta semana ouvi um ministro português dizer que tem de partir do princípio que todos os desempregados querem trabalhar. Infelizmente não é assim. Há muitos desempregados que não querem trabalhar e que enquanto durar o fundo de desemprego e depois o fundo social de desemprego não se preocupam em deixar essa situação. Falo dessas pessoas como portugueses parasitas. Não me refiro a pessoas com 50 e mais anos, com baixa escolaridade que por muito que se esforcem não encontram uma porta aberta para os acolher no mundo laboral. Refiro-me a gente mais nova que se acomoda. É, por isso, com estupefação que ouço críticas a medidas do Governo que pretendem obrigar as pessoas a aceitar um emprego desde que o salário proposto seja 10% superior ao valor do subsídio de desemprego. Penso ser perfeitamente razoável. E lamento se tal fere a sensibilidade de algumas pessoas.

Rejeição e súplica: Abrindo outro item, mas mantendo-me no tema, não compreendo a ‘lata’ de algumas pessoas – desempregados – que recebem propostas de trabalho e recusam, inventando esta ou aquela desculpa. Não tenho transporte, tenho este problema de saúde que me impede de fazer esse trabalho, sou alérgico a isto ou aquilo. Atrevo-me a dizer que tem é alergia ao trabalho. Mas o mais irónico é ver as mesmas pessoas, meses mais tarde, a bater à mesma porta e a suplicar por um emprego. Nenhum empregador, com bom senso, dá trabalho a uma pessoa destas. E com razão. É por isso que rotulo estas pessoas de parasitas do Estado e da sociedade. Muitas delas até se vangloriam e chamam de ‘burro’ a quem se esforça por trabalhar, mesmo sem ganhar muito mais. Vão do subsídio de desemprego, ao subsídio social e acabam depois no rendimento social de inserção. Que ninguém pense, no entanto, que sou contra estas medidas de apoio. Seria hipócrita se o afirmasse pois já beneficiei delas. Devem é ser entendidas como algo provisório e que importa terminar quanto antes, regressando à vida activa e à colaboração e contribuição para o bem comum. Resumindo defendo as medidas que, de certa forma, obrigam as pessoas a procurar emprego e a aceitá-lo, desde que seja de valor igual ou superior ao do subsídio. Do mesmo modo, determinados desempregados com certas qualificações poderiam e deveriam ser orientados para realizar determinado trabalho social nas autarquias, em instituições sociais, recebendo em contrapartida uma bonificação no subsídio. Dessa forma atacaríamos o parasitismo social que por aí grassa.

Nota: Imagem retirada do site www.custojusto.pt