Inflexões (publicadas a 13 de Maio)
Rio Vizela: Foi com um misto de nostalgia e satisfação que vi a notícia de utilização das ruínas da Fábrica do Rio Vizela pela banda portuense Blind Zero. É caso para dizer: alguém lhe dê uso. Passo por ela todos os dias e ainda hoje a sua dimensão me causa admiração. Nunca a visitei e confesso que cresce a minha curiosidade. Confesso que tenho um certo fascínio por ruínas, sobretudo, ruínas industriais. Gosto sobretudo de fotografar paredes, corredores imensos, buracos em telhados, chaminés e vestígios de maquinaria. Em causa não há qualquer sentimento mais ou menos perverso de prazer em ver algo em ruínas. No fundo, tenho pena que o destino tenha sido esse. Prefiro pensar em todas as histórias, todas as pessoas que passaram e que viveram no meio daquelas paredes. Vidas inteiras se construíram ali, pessoas se conheceram, famílias ali se criaram, gerações cresceram e sobreviveram à custa do salário que dali conseguiam extrair. É sobretudo nostalgia. É claro que todos os avenses pensam: que destino se vai dar àquele colosso? Àquele e a outros mais na nossa terra. É algo que deve merecer reflexão por parte das forças vivas pois não é fácil, nos tempos que correm, decidir o que fazer a tão grandes espaços. Independentemente do que seja feito, só espero que estes marcos históricos não sejam, pura e simplesmente, riscados do mapa, como acontece vulgarmente. Também temos exemplos do contrário. No nosso concelho a revitalização da antiga Fábrica do Teles é disso exemplo, mas não só. Vejamos o Norte Shopping que perpetuou na sua estrutura o passado daquele local fazendo a sua decoração ao estilo fabril e conservando mesmo uma das suas máquinas. Outro exemplo que conheci recentemente é o Centro de Congressos de Aveiro, que merece uma visita. Toda a fachada de uma antiga fábrica foi preservado, mas o seu interior está dotado da mais recente tecnologia para um espaço do género. É claro que é um exagero pensar em algo do género para a Rio Vizela, mas interpretem, caros leitores, este escrito como uma pequena inflexão, fazendo jus ao nome desta coluna de opinião.
Futuro: Escrevo este texto minutos depois de ver o resultado das manifestações dos gregos contra as duras medidas de austeridade decidida pelo governo daquele país: três funcionários de um banco mortos, na sequência de um incêndio desencadeado pelos protestantes. Quanta irracionalidade. Culpados? Haverá? Talvez sim, talvez não. Serão os autores materiais do incêndio os culpados, ou serão todos os políticos e gente ligada ao poder que durante anos escondeu a realidade da situação económica do país aos seus concidadãos? E Portugal? Os nossos líderes dizem que o nosso país está longe de viver uma situação como a da Grécia, mas ouço também vozes a dizer que seremos a próxima Grécia. Eu prefiro acreditar nos nossos do que em especialistas estrangeiros que, porventura, poderão não conhecer a nossa realidade. É claro que quero acreditar, porque o cenário que traçam é menos pessimista. Mas a dúvida, a incerteza e a preocupação pairam no ar. Os portugueses que comecem a pensar que poderemos vir a enfrentar nova subida do IVA e, quem sabe, medidas mais drásticas, como o fim do 14º mês ou o adiamento da idade da reforma. É duro e algo em que não queremos pensar. É por isso que digo que se queremos manter os direitos que temos (e já não são muitos) todos temos de trabalhar para isso. É hora de arregaçar as mãos e não de preguiçar. Se todos fizermos mais um esforço em dar mais um pouco de nós pelo bem comum, é Portugal que ganha, somos todos nós que ganhamos.
Futuro: Escrevo este texto minutos depois de ver o resultado das manifestações dos gregos contra as duras medidas de austeridade decidida pelo governo daquele país: três funcionários de um banco mortos, na sequência de um incêndio desencadeado pelos protestantes. Quanta irracionalidade. Culpados? Haverá? Talvez sim, talvez não. Serão os autores materiais do incêndio os culpados, ou serão todos os políticos e gente ligada ao poder que durante anos escondeu a realidade da situação económica do país aos seus concidadãos? E Portugal? Os nossos líderes dizem que o nosso país está longe de viver uma situação como a da Grécia, mas ouço também vozes a dizer que seremos a próxima Grécia. Eu prefiro acreditar nos nossos do que em especialistas estrangeiros que, porventura, poderão não conhecer a nossa realidade. É claro que quero acreditar, porque o cenário que traçam é menos pessimista. Mas a dúvida, a incerteza e a preocupação pairam no ar. Os portugueses que comecem a pensar que poderemos vir a enfrentar nova subida do IVA e, quem sabe, medidas mais drásticas, como o fim do 14º mês ou o adiamento da idade da reforma. É duro e algo em que não queremos pensar. É por isso que digo que se queremos manter os direitos que temos (e já não são muitos) todos temos de trabalhar para isso. É hora de arregaçar as mãos e não de preguiçar. Se todos fizermos mais um esforço em dar mais um pouco de nós pelo bem comum, é Portugal que ganha, somos todos nós que ganhamos.

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