Inflexões Avenses

domingo, novembro 15, 2009

Inflexões (publicadas a 11 Novembro)

Autárquicas Aves: Acredito que poucos avenses esperariam os resultados das Eleições Autárquicas nas Aves no último 11 de Outubro. Fiquei surpreendido e as minhas previsões de resultados – que apenas fiz questão de partilhar com umas poucas pessoas – sairam goradas. Agora com os resultados à frente posso partilhar com toda a gente, nesta minha ‘inflexão’ essa previsão.
Esperava que Carlos Valente ganhasse as eleições, mas que perdesse a maioria na Assembleia de Freguesia, perdendo algum eleitorado, quer para o PS, quer para o Movimento de Joaquim Pereira (UPC). Acreditava que Carlos Valente acabaria por perder alguma coisas com a sua postura de confronto (voluntária ou não) ao longo de oito anos. Acreditava que o PS e o UPC, com maioria na Assembleia, acabariam por provocar a queda da Junta de Freguesia – reprovando por exemplo os Planos de Actividades ed Orçamento – conduzindo a eleições intercalares e aí tentar, de vez, retirar Carlos Valente do poder nas Aves.
Nada disso aconteceu. Ao invés, Carlos Valente acabou por reforçar a sua liderança e com apenas pouco mais de 50 votos face a 2005, conseguiu eleger nove deputados entre treze. Os avenses, com estes resultados, aprovam a forma como o autarca social democrata tem governado a vila. Mas mais surpreendente que a subida do PSD é a queda do PS. Naturalmente que a escolha do Eng. Luís Lopes foi uma aposta redondamente falhada, embora entenda que a maior responsabilidade na derrota é do partido e não do candidato. Quem escolheu o candidato foi o partido. Mesmo assim nunca esperei que tivesse quase metade dos votos de 2005. Entre cinco mil votantes, nem mil votaram no PS. O UPC, contrariamente ao expectável, não foi buscar votos laranja (a sensibilidade política do seu candidato), mas antes aos socialistas, que passam de cinco deputados para apenas dois. Os resultados, a meu ver expectáveis, foram os obtidos pelo UPC e pela CDU, embora a coligação tenha perdido cerca de 100 votos (233 em 2005, para 136 agora). A fechar esta ‘inflexão’ apenas a certeza de que este resultado do PS nas Aves é apenas um incidente de percurso, bastando analisar a diferença de postura dos avenses para com este partido nas legislativas, onde deram uma clara maioria a José Sócrates. A leitura é óbvia, mas acredito que haverá quem vai fazer de conta que não sabe ler, pelo menos esta linguagem, a do povo.

Autárquicas Santo Tirso: Os resultados no concelho foram mais expectáveis. Castro Fernandes ganhou e até aumentou o número de votos face a 2005, ao passo que João Abreu com uma campanha sem paralelo na história do concelho, não conseguiu aumentar o número de votos. Foi uma campanha que primou pela visibilidade – exagerada porventura – mas também pela apresentação de ideias estruturadas, embora algumas podendo ser rotuladas de demagógicas e irrealistas.
Castro Fernandes não precisou, no entanto, de grande acção para mobilizar e ser eleito, virtude de toda a sua experiência e visibilidade política no concelho. Os tirsenses preferiram apostar em quem já conhecem e não na novidade e na incerteza. O presidente reeleito tem, no entanto, de lidar com um dado novo. Nas Aves, em 2005, teve a maioria dos votos, algo que perdeu agora, na sua terra natal. É um dado a reter.
Castro Fernandes está no entanto tranquilo pois inicia o seu último mandato que poderá ser ou não de quatro anos. Será interessante saber se vai continuar à frente da concelhia e se vai preparar o caminho do seu sucessor, abidando do cargo a meio do mandato para o novo candidato, ou sed vai querer levar o mandato até ao fim. Aí será interessante perceber se o PSD vai voltar a apostar em João Abreu, após duas derrotas, mas com nome na praça, numa luta que, com certeza, independentemente dos candidatos, será mais disputada.