Inflexões Avenses

quarta-feira, junho 24, 2009

Inflexões (publicadas hoje, 24 de Junho)

Eleições: Do escrutínio europeu surge uma vez mais como vencedor a abstenção (se fosse um referendo, as eleições não teriam carácter vinculativo) o que revela bem a Saúde da nossa democracia. O PSD ganhou e o PS perdeu no que muita gente apelidou como primeira volta para as Legislativas. Penso que nem tanto, mas o PS tem de acordar e o PSD não pode sobrevalorizar a influência desta vitória para as Legislativas.

Autárquicas: As Europeias já passaram e aí estão as Autárquicas. Santo Tirso já está envolto em cartazes de propaganda (e também já chegaram às Aves e, porventura, a outras freguesias). O PSD, naturalmente avançou primeiro, mas o PS já vai a todo o gás. João Abreu juntou “mais de 500” e Castro Fernandes “dois mil”. A diferença dos números nos jantares de apresentação é considerável, mas os esforços e as iniciativas de mobilização deixam antever um embate eleitoral interessante e animado. Abreu mais acutilante contra a experiência de Fernandes. Há desde já um dado curioso e até caricato nesta campanha. O azul está na moda. O CDS tem como cor oficial o azul, a CDU, enquanto coligação, também sempre teve o azul como cor, mas o PS sempre foi vermelho ou rosa e o PSD sempre foi laranja. O curioso é notar que quer socialistas, quer social democratas escolheram o azul como cor da campanha e até praticamente o mesmo tom da cor. Aliás vejam a cor dos sítios da Internet de cada um dos candidatos. João Abreu e Castro Fernandes parece que copiaram o fundo. É caso para afirmar que Santo Tirso virou azul.

Torneio: O torneio de Escolinhas da Associação de Moradores de Ringe foi uma vez mais um sucesso. Foi a festa do futebol para 600 crianças. Tive a oportunidade de colaborar nele e de o assessorar ao nível da comunicação social. Mas da minha percepção pessoal do evento ressalta uma nota completamente lateral ao evento que gostaria de partilhar. Muitos pais de crianças, jovens jogadores de futebol, fazem uma pressão grande sobre os filhos. Exigem demais deles. O futebol é um desporto e apenas deveria ser visto dessa forma, mas o exemplo que temos dos graúdos e a quantidade de dinheiro que este jogo mobiliza, condiciona tudo, desde tenra idade. Surpreendeu-me o choro copioso de alguns míudos por terem perdido a final, tal é a pressão que também eles próprios incutem a si mesmos para ganhar. Retenho as palavras do ex-jogador e actual coordenador da prospecção de talentos do Benfica, Rui Águas, presente no torneio. Os pais dos miúdos jogadores deveriam também ser acompanhados por gente especializada, por psicólogos para que os pais também ajudem os filhos a lidar com o sucesso, mas também com o insucesso no futebol. Estão questão já tinha sido de resto salientada no colóquio que antecedeu o torneio em Ringe.

Assembleia de Freguesia: Apenas uma nota sobre o que li e ouvi sobre a última Assembleia de Freguesia em Vila das Aves. Ainda bem que não pus lá os pés. Foi todo o mandato a mesma coisa. Mais do mesmo, de um e de outro lado da barricada (leia-se bancada) e quando assim é não vale a pena perder tempo. Lamento escrever isto, mas presumo que seja o sentimento da maioria dos avenses. Oxalá esteja enganado.

segunda-feira, junho 08, 2009

600 crianças fizeram hino ao futebol


Muita cor, alegria, boa disposição, muito desportivismo e alguma competição. Até as condições climatéricas ajudaram o 4º Torneio de Escolinhas de Vila das Aves, realizado no passado domingo, naquela vila do concelho de Santo Tirso.
Sob organização da Associação de Moradores do Complexo Habitacional de Ringe (AMCHR), a prova contou com cerca de 600 crianças, entre os 5 e os 11 anos, divididas entre os escalões de minis, pré-escolas e escolas.
Ao longo de todo o dia, entre as 9 e as 18 horas, jogaram-se um total de 120 jogos, entre 30 clubes e escolas de futebol participantes, divididos em seis recintos com as medidas adequadas a cada escalão.
No final, houve vencedores, mas não vencidos, uma vez que todos os clubes e participantes levaram para casa troféus e pequenas lembranças. A cada entrega de troféu, todos, num hino ao futebol, gritavam “campeões, campeões”, perante as bancadas que se foram enchendo ao longo do dia e que na cerimónia de encerramento ficaram lotadas, com muito mais gente que em muitos jogos oficiais ali disputados.
O público, constituído sobretudo pelo pais das crianças, fazia com que se ouvisse o grito “golo”, a cada passo e em cada canto do estádio. Por vezes eram os pais quem mais vibrava com as jogadas dos filhos.
“É um sonho tornado realidade e todos os anos sinto uma grande emoção neste dia”, revela Adílio Pinheiro, que lidera a escola de futebol dos Pinheirinhos de Ringe e é o pai deste torneio. “Com esta festa do futebol estou a proporcionar a muitas crianças aquilo que gostaria de ter tido quando comecei a jogar futebol”.
Os jovens atletas vivem este dia com tal intensidado que muitos nem dormem na noite anterior. Presentes estão grandes clubes e escolas de futebol do país, como o Benfica, o FC Porto, o Vitória de Guimarães, ou as escolas de futebol Hernani Gonçalves, Fair Play ou Braga Fut. Referência especial merece ainda a presença e a qualidade demonstrada do clube espanhol, Celta de Vigo. Mas clubes e organizações mais pequenas como os próprios anfitriões, Pinheirinhos de Ringe, ou clubes como o Sandinenses, o União de Tomar, o Mirandela ou o Ribeirão (presente na final de pré-escolas), e outros ganham emotividade especial, pois os seus atletas podem, num dia, jogar com adversários que têm na camisola emblemas bem conhecidos.
A opinião unânime é que, mais uma vez, a organização esteve irrepreensível, dando todas as condições aos participantes, envolvendo nesta logística mais de 120 voluntários.
Desde logo Rui Águas, antigo jogador de futebol e coordenador da prospecção no Benfica, foi uma das presenças notadas. “É um torneio excelente”, porque “quando se junta desporto, crianças e futebol, mais uma boa organização, temos um ambiente saudável”.
Na sua juventude, Rui Águas diz nunca ter tido acesso a iniciativas do género, considerando-as “importantes”, recordando, no entanto, um dos seus jogos neste relvado, justamente quando o Benfica defrontou o Desportivo das Aves, na época 86/87.
“Toda a gente gostou. Foi bom ver os miúdos a conviver”, anuncia, por seu lado, José Maria Santos. O treinador da Escola de Futebol Hernâni Gonçalves salienta a “boa organização”, destacando o rigor no cumprimento dos horários dos jogos. Este responsável não tem dúvidas, o Torneio das Aves “é um dos melhores em que participa a nossa escola”, porque tem representados alguns dos mais importantes clubes nacionais.
Para Pedro Pereira, treinador dos minis do Boavista, este evento “é bom para as crianças. É um dia diferente para eles e um bom dia de convívio”. Ele destaca o facto de ser um torneio que “tem desde os clubes maiores aos mais pequenos, desde o Benfica ao Boladas”. “Gostamos de cá estar”, conclui.
Na hora do balanço, há agradecimentos obrigatórios a fazer, nomeadamente ao Desportivo das Aves, pela cedência das instalações, e à Câmara Municipal de Santo Tirso, patrocinadora principal do evento, que esteve representada ao mais alto nível, com o presidente, Castro Fernandes, e o vereador do Desporto, José Pedro Machado, a entregarem os troféus aos atletas. Há depois um conjunto considerável de outros patrocinadores, além de outras instituições e pessoas particulares que ajudam na realização do torneio.

PS: Texto principal, da minha autoria, enviado às redacções no fecho do torneio.

sexta-feira, junho 05, 2009

Inflexões (publicadas a 28 de Maio)


Torneio: Não gosto de me pronunciar sobre causa própria, mas entendo ser pertinente abrir uma excepção. Um grupo grande de pessoas está unida para concretizar um dos eventos desportivos mais marcantes da vila e até do concelho. Refiro-me ao Torneio de Escolinhas de Vila das Aves que no próximo dia 7 de Junho tem a sua quarta edição. Tenho escrito vários artigos jornalísticos e mandado para a imprensa para que este grande evento tenha alguma projecção. O Torneio merece, bem como quem o organiza, a Associação de Moradores do Complexo Habitacional de Ringe e os seus “Pinheirinhos de Ringe”, encimados pelo chamado pai do torneio, o senhor Adílio Pinheiro. Além da festa das crianças, o que me apraz registar é que este evento é dos poucos que nesta vila consegue unir – com mais ou menos trabalho – praticamente todas as forças vivas da vila. É um exemplo de parceria e solidariedade que se devia manter e alargar. Há tanta riqueza na nossa vila que pode ser partilhada. E por falar em solidariedade, este ano não podemos esquecer a iniciativa solidária do torneio, que vai angariar receita para a Oikos, uma organização não governamental que trabalha em vários países com carências sociais gritantes. Vamos todos ao estádio no dia 7 ver a festa das crianças e fazer solidariedade.

Europeias: Escrevo estas linhas ainda antes de se iniciar a campanha eleitoral para as Europeias que decorrem, também a 7 de Junho. Exorto desde já as pessoas para irem votar e depois passar pelo Torneio de Escolinhas, mesmo ali ao lado. Quanto às Europeias temo, uma vez mais, por um crescendo da abstenção. Em plena crise, as pessoas mostram-se ainda mais desiludidas com a política e com os políticos, que se revelam ineficazes nas medidas que adoptam para dar a volta à situação. Acredito que estamos a viver um momento histórico, um momento de viragem. O modelo social e económico que marcou o último século estará a desaparecer. É, no entanto, grande a incerteza sobre o que vem aí. Ninguém com um mínimo de testa se atreve a fazer grandes previsões e quem o faz – atrevo-me a considerar – não sabe o que está a dizer. Assim, entendo que, mais do que nunca, é importante votar. Uma votação massiva dá mais responsabilidade aos políticos e temos mais autoridade para julgar o seu trabalho. Cada um de nós tem uma arma muito poderosa: o voto. E os políticos sabem bem disso.

Desemprego: Estamos prestes a ultrapassar a barreira do meio milhão de portugueses desempregados. É um número que merece reflexão. Em jeito de piada já digo que este é o maior grupo empresarial português. É o maior, é o mais diversificado em termos de profissões e, atrevo-me a dizer, tem um conjunto de quadros com um potencial incrível. Tenho conhecido pessoas que estão, infelizmente, nesta situação, com um percurso profissional impressionante e com capacidades muito acima da média. E estão desempregadas. Reproduzo uma afirmação que ouvi há dias: “Que país é este que desperdiça tão grande e tão bom capital económico e se dá ao luxo de ter no seu seio tantos e tantos profissionais incompetentes”.