Inflexões (publicadas a 12 Dezembro)

Natal: Estamos em plena época natalícia. Aos fins-de-semana sair de casa e passar, nem que seja pelas imediações de zonas comerciais, é um tormento. Tento, faço um esforço por me manter afastado mas, por vezes, sou apanhado na rede e lá tenho de aguentar a febre consumista do momento. Salário, subsídio de Natal, até mesmo um crédito para as compras, tudo serve para satisfazer o ego consumista. E pensar que, infelizmente, tudo se esfuma no dia 25 de Dezembro. No dia 26, depois de provas de amor e amizade já se vê casais, colegas de trabalho, amigos a zangar-se. Todos os desejos, todos os sentimentos nobres que marcam esta quadra esfumam-se. Perdoem-me caros leitores este desabafo mais ou menos inconsequente.

Comércio: É certo que continuamos a viver tempos de vacas magras, mas as cidades embelezam-se e iluminam-se. Não tenho nada contra, tenho sim contra os centralismos concelhios. As sedes dos concelhos aqui à volta estão bonitas, mas as vilas – que em certas ocasiões são enobrecidas (nas dos votos, leia-se) – são agora ignoradas. Veja-se a nossa Vila das Aves que continua a não merecer qualquer asseamento ou animação natalícia. Será que os comerciantes da vila pagam menos que os da cidade tirsense, à respectiva associação comercial? Ou os comerciantes avenses estão uns furos abaixo dos da sede do concelho?

Greve: Vivemos no último dia de Novembro mais uma greve geral da função pública. Greve a uma sexta-feira. Azar dos funcionários públicos, este ano os feriados de Dezembro calharam ao sábado, mas lá arranjaram maneira de ter um fim-de-semana prolongado. Faz-se greve. Os funcionários aproveitam e os sindicatos aproveitam-se. Porque é que nunca se marca uma greve para meio da semana?

Darfur: Escrevo nas vésperas da histórica cimeira Europa-África de Lisboa. Os olhos do mundo colam-se à nossa capital. Gostaria que a cimeira fosse um momento de viragem na postura ocidental face a esse grande e rico continente que é a África, tão cheio de potencialidades e tão miserável, sendo que muita responsabilidade pelos problemas, guerras e fomes que fustiga a África é nossa, é dos ocidentais. Cada vez se fala mais (mas é sempre pouco) no drama do Darfur. A cimeira de Lisboa deveria tratar este assunto e forçar o governo sudanês a acabar com o genocídio nesta região. Infelizmente há muitos outros ‘Darfur’s’ esquecidos.

Solidariedade: O município de Santo Tirso lançou nesta quadra uma campanha de solidariedade para com a cidade de S. Tomé e Príncipe com quem é geminado. É acção meritória numa altura em que os corações se tornam mais dóceis e em que cada um de nós pode efectivamente ajudar.

Votos: É da praxe, mas é com sentimento que desejo a todos os leitores um Santo e Feliz Natal e que o seu espírito perdure pelo ano inteiro.