Inflexões (a publicar a 26 Setembro)

Saúde: A notícia de intenção de criação de uma Unidade de Saúde Familiar nas Aves foi dada à estampa na última edição do Entre Margens. A concretizar-se teríamos a Extensão de Saúde de Vila das Aves a funcionar em pleno e, acredito, deixaria de haver utentes sem médico de família na nossa terra. O problema é que, a concretizar-se, ela será feita sacrificando a permanência de parte dos médicos que actualmente trabalham na sede do Centro de Saúde de Negrelos. Por um lado, seria um tanto ao quanto estranho haver uma extensão com mais clínicos que a sua sede. É por isso que entendo a posição da Junta de Freguesia de S. Tomé de Negrelos. Esta é, no entanto, uma tendência lógica, a de mais serviços na nossa terra. Porventura, a lógica seria mesmo a de instalar a sede do segundo Centro de Saúde do concelho no segundo núcleo urbano do mesmo, ou seja, em Vila das Aves. No entanto, não podemos esquecer a estrutura e o edifício existentes em S. Tomé. É por isso que há lógica se deve sobrepor a racionalidade. É por isso que o povo avense nunca fez grandes ondas quanto a esta matéria. O importante é que a população esteja servida de cuidados de Saúde primários. Os nossos vizinhos têm a tendência de exacerbar o seu bairrismo, não podendo usar outros argumentos contra o crescente protagonismo das Aves no contexto regional, face a S. Tomé de Negrelos. Ora, aqui têm um tema em que podem levantar a voz por algo racional e justo. Acho que não deve ser obstaculizada a criação da Unidade de Saúde Familiar das Aves, mas os utentes do Centro de Saúde (sede) não devem ser prejudicados. A luta não deve ser impedir a criação da Unidade de Saúde Familiar avense, mas antes pela colocação de mais médicos em Negrelos.

Nuances:

O Plano Tecnológico é uma das bandeiras do governo de Sócrates. Banda larga, governo electrónico, on-line, etc., são termos correntes no discurso governamental. É uma aposta e tem dado resultados. A passagem de meio da tabela para os primeiros lugares no chamado governo electrónico no seio dos 27 estados da União Europeia é relevante. Aliás, Sócrates aproveitou logo e no dia seguinte à divulgação deste estudo fez deste assunto o debate mensal no Parlamento. Só que o país é muito mais que isto e há questões básicas ainda a resolver. Não se pode hipotecar o futuro, não investindo neste novo mundo, mas importa acautelar as necessidades básicas. Daqui a pouco poderemos ter o paradoxo de uma família ter um portátil oferecido pelo Governo, mas não ter dinheiro para pagar a renda da casa ou algo semelhante. Há também o exemplo do investimento estatal em dotar todas as escolas primárias de computadores, mas já se assistiu ao paradoxo de, ao ligar o computador, o contador da luz eléctrica não aguentar por ter mais de cinquenta anos. São as nuances do mundo actual português.