Inflexões (publicadas a 25 de Fevereiro)
O essencial e o acessório: Portugal vive anestesiado. Diria mesmo sedado, perante o que tem vindo diariamente à praça pública. Os problemas de desemprego, os problemas económicos, a dívida pública, a credibilidade externa do nosso país ou a falta dela, a criminalidade... São muitos os problemas que Portugal enfrenta mas estão relegados para segundo ou mesmo terceiro planos. O que está no centro das atenções: escutas. Escutas telefónicas que um juiz diz que são graves, mas que afirma nada ter de relevante. Temos violações do segredo de justiça que existe apenas no papel. Costuma dizer-se que o fruto proibido é o mais apetecido, por isso se o segredo deixar de ser segredo talvez ninguém o procure. Sei que este escrito é uma divagação mais ou menos inconsequente, mas vai ao ritmo da anestesia e do sedativo que todos padecemos. Indo ao cerne da questão, há muita gente a duvidar do carácter e da conduta de José Sócrates como primeiro-ministro. Poderá haver inúmeras matérias em que discordo dele e das decisões que tomou. Em inúmeros aspectos foi mesmo uma desilusão. Mas, sinceramente, olho para o lado e nada vejo capaz de ser uma alternativa. Mesmo assim, poderíamos ter o Presidente da República a dizer basta e a demitir Sócrates ou a dissolver a Assembleia da República. Más há aspectos legais que condicionam uma atitude de força de Cavaco Silva, refém do calendário eleitoral passado e do que brevemente irá iniciar-se. A corrida a Belém está longe de ser um passeio para Cavaco Silva e qualquer decisão mais ousada poderá influenciar o voto dos portugueses nas presidenciais. Olhando para o lado vemos o PSD ainda a mais de um mês de distância de ter a casa arrumada e a ver vamos se fica mesmo arrumada e se o partido fica preparado para disputar eleições. Quanto aos restantes partidos à esquerda e à direita, pouco ou nada de novo e diferente poderemos esperar. O problema é que esta situação desgasta e poderá chegar a uma posição de não retorno e poderemos ter mesmo de ir para eleições. E aí serão mais uns meses de folhetim político e de inactividade governativa. Estamos reféns de uma classe política medíocre, da esquerda à direita, que pensa apenas nos seus interesses e não nos do país. Face à situação económica e social do país necessitávamos de um pacto de regime e não de querelas e disputas mesquinhas. Infelizmente é o que eu penso e acredito que o mesmo pensam muitos outros portugueses, mas nós não temos voz.
Fases: No nosso concelho de Santo Tirso e em muitos outros por esse país fora, quase tudo se faz por fases. Quase todas as obras têm uma, duas e até três fases. Lança-se uma ideia, anuncia-se a ideia e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se anos. Depois lança-se o projecto e anuncia-se o projecto e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se anos. De seguida lança-se o concurso público e anuncia-se o concurso e diz-se: “em breve vai nascer isto”. Quando o processo parece estar à beira do fim anuncia-se o arranque da obra e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se mais uns anos. Mais tarde anuncia-se a conclusão da primeira fase da obra e anuncia-se a segunda e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passa mais algum tempo até que finalmente seja inaugurada e posta ao serviço dos munícipes. A esta altura o leitor deverá estar a pensar: “que exagero”. Poderá até ser, poderá até haver vários casos em que o processo foi muito mais rápido. Mas posso referir alguns casos em que aconteceu exactamente como descrevi: o Centro Cultural de Vila das Aves será um bom exemplo. O parque da quinta do Verdeal é outro e esse ainda nem em obra entrou. A avenida de Paradela até Cense é outro caso. Antes das eleições, quando foi anunciada a obra e a empreitada arrancou acreditei que por esta altura já haveria alcatrão ou paralelo nessa importante artéria, mas não, apenas está feita a primeira fase. É assim...
Fases: No nosso concelho de Santo Tirso e em muitos outros por esse país fora, quase tudo se faz por fases. Quase todas as obras têm uma, duas e até três fases. Lança-se uma ideia, anuncia-se a ideia e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se anos. Depois lança-se o projecto e anuncia-se o projecto e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se anos. De seguida lança-se o concurso público e anuncia-se o concurso e diz-se: “em breve vai nascer isto”. Quando o processo parece estar à beira do fim anuncia-se o arranque da obra e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passam-se mais uns anos. Mais tarde anuncia-se a conclusão da primeira fase da obra e anuncia-se a segunda e diz-se: “em breve vai nascer isto” e passa mais algum tempo até que finalmente seja inaugurada e posta ao serviço dos munícipes. A esta altura o leitor deverá estar a pensar: “que exagero”. Poderá até ser, poderá até haver vários casos em que o processo foi muito mais rápido. Mas posso referir alguns casos em que aconteceu exactamente como descrevi: o Centro Cultural de Vila das Aves será um bom exemplo. O parque da quinta do Verdeal é outro e esse ainda nem em obra entrou. A avenida de Paradela até Cense é outro caso. Antes das eleições, quando foi anunciada a obra e a empreitada arrancou acreditei que por esta altura já haveria alcatrão ou paralelo nessa importante artéria, mas não, apenas está feita a primeira fase. É assim...
