Inflexões (publicadas a 29 de Outubro)

Desemprego: Há situações que só vivemos quando nos deparamos com uma nova circunstância na vida. É o caso de estar desempregado, situação à qual já me referi há um mês atrás. Não é algo agradável, mas também não é um drama, desde que se esteja predisposto a dar a volta por cima. No entanto, com a inscrição no Centro de Emprego, o desempregado fica obrigado a cumprir um conjunto de questões que, em caso de incumprimento pode valer o cancelamento do subsídio de desemprego. É legítimo obrigar a pessoa que está nesta situação a procurar um novo emprego e a não se acomodar à prestação social de que goza. O que para mim é incompreensível e completamente desnecessário é a obrigação de apresentação quinzenal na Junta de Freguesia. A cada 15 dias tenho que me deslocar a esse local, apresentar a folha recebida 15 dias antes, juntamente com o Bilhete de Identidade, recebendo em troca uma nova folha com uma nova data para 15 dias depois repetir o procedimento. Isto leva-me a sentir quase como um criminoso, quase como um arguido à espera de julgamento. Quando se é arguido há várias medidas de coação que o juiz pode aplicar, que vai desde a mais grave - a prisão preventiva - até à mais leve - o termo de identidade e residência - passando ainda por situações intermédias como é exemplo as apresentações periódicas junto das autoridades. Ora, há gente que assalta e rouba que tem como medida de coação essa apresentação periódica junto da polícia. Ou seja, obrigar um desempregado a ter de se apresentar de 15 em 15 dias num local, sem aparente utilidade ou mais valia em termos de conquista de emprego, é algo mais penoso do que o que enfrentam alguns criminosos da nossa praça.

Quinta dos Pinheiros: Foi preciso esperar quase 20 anos para que a 'novela' - posso chamar assim a algo que demorou a resolver todo este tempo - em torno da Quinta dos Pinheiros tivesse um fim. Este fim significa, sobretudo, um novo início e, porventura, novos problemas. O que fazer de toda aquela área de terreno. Se os bombeiros já têm destino a dar à sua parcela, de acordo com o que decide a sua direcção ou os seus associados, já a parte na posse da Junta de Freguesia é mais complicada. Sobre esse terreno tem a autarquia de dar contas a todos os avenses. Neste caso, penso que se deveria promover uma sessão - não uma Assembleia de Freguesia que está sujeita a regras mais rígidas - para que os avenses interessados pudessem apresentar sugestões ou projectos ou, em alternativa, promover uma espécie de consulta pública, em que os avenses durante determinado período de tempo poderiam apresentar por escrito, junto da Junta de Freguesia as suas sugestões e projectos para aquele espaço. Tendo em conta a localização da Quinta dos Pinheiros, ali poderá nascer uma nova centralidade na vila. Acredito que não será fácil dar um destino ao terreno em algo que beneficie todos os avenses. Actualmente, do meu ponto de vista, a maior necessidade da vila é um parque verde de lazer com dimensão considerável para usufruto dos tempos livres. à partida o projecto para a Quinta do Verdeal vem suprir essa carência, embora possa ser conciliável e complementar a existência de duas estruturas do género, uma vez que se localizam em postos opostos da vila e poderiam beneficiar diferentes populações. Esta é apenas uma de muitas possibilidades que importa conhecer e dar a conhecer aos avenses. Uma certeza tenho. Este terreno e o destino a dar-lhe será arma de arremesso eleitoral para exibir pelas diferentes candidaturas em 2009.