Inflexões Avenses

sexta-feira, abril 20, 2007

Inflexões (a publicar no dia 25 de Abril)

Sócrates: O país tem vivido nos últimos dias quase absorvido pela polémica em torno da licenciatura do primeiro-ministro. Muita tinta tem sido escorrida a propósito do assunto, muitas páginas de jornais, horas de rádio e minutos de televisão. Não pretendo entrar na questão de saber se a sua licenciatura foi obtida de forma correcta. Para mim o cerne da questão é o provincianismo de que padece o nosso país e a nossa mentalidade. Já há tempos escorri alguma tinta a propósito disto e em abstracto, mas este caso vem confirmar a tese. Ainda há pouco tempo, também no jornal Entre Margens, o professor José Pacheco falava na ‘doutorite’. Infelizmente é mesmo assim. No nosso Portugal, o importante é o título. É aparecer o nome de fulano de tal e, a seguir, entre parêntesis, surgir o ‘Dr.’, ou o ‘Eng.’, ou ainda o ‘Arq.’. Acontece que estes sufixos só são importantes em Portugal e em outros países que padecem, repito, de provincianismo e de mentalidade retrógrada. Interessa o título, não a competência, a eficiência, a responsabilidade e a honestidade. É por sermos o país que somos que temos uma polémica que em qualquer outro país apenas se tornaria ridícula, ou melhor, nem sequer existiria. Se em Portugal, antes ou depois do nome, surgisse apenas e só o ‘Sr.’, a polémica não poderia existir. Infelizmente, o país está assim e os que têm uma qualquer licenciatura fazem questão de vincar o título porque acaba por ser importante, tanto, ou mais, que os conhecimentos e a competência. Felizmente, no jornalismo – não sei se já repararam – tudo se diz apenas e só com o nome e nada mais e com o cargo, não o título. Poupa uma data de trabalho e de ‘Dr.s’, ‘Eng.s’, ou ‘Arq.s’.

Vilarinho: A pretensão de realizar um referendo em Vilarinho a perguntar sobre se a população quereria mudar-se para Vizela ou permanecer em Santo Tirso não foi admitida na Assembleia da República, porque a divisão administrativa é uma matéria de exclusiva competência da Assembleia da República. Neste momento qualquer luta deste género estará praticamente condenada ao fracasso. Basta ver o exemplo de Canas de Senhorim, cuja criação do concelho passou no Parlamentou, mas Jorge Sampaio, acabou por vetar a pretensão. O actual Governo apontou como caminho uma reorganização administrativa, com a criação, fusão e extinção de alguns concelhos e freguesias. Nada se viu ainda sobre a matéria que, se for para a frente, vai com certeza criar muita contestação, muito mais que a questão recente das Urgências Hospitalares. As consequências políticas podem ser devastadoras, por isso duvido que se faça alguma coisa, embora seja de opinião que deve haver mudanças.

D. Aves: Deu gosto ver as últimas duas prestações do Desportivo das Aves (escrevo antes do jogo de Domingo com o Paços de Ferreira), resultados que vieram dar maior motivação e que acabam por relançar a luta pela manutenção da equipa avense. Dando uma olhada ao Calendário, dá para ver que o Beira Mar tem boas hipóteses de se manter, depois dos bons resultados obtidos. O Aves tem dois jogos seguidos fora e termina o campeonato com a deslocação ao Dragão (era bom que o Porto já não precisasse desse jogo). Penso no entanto, que a Académica e o Setúbal têm os calendários mais difíceis, pois ambas as equipas ainda vão defrontar Sporting e Benfica e a luta entre estes promete, pelo segundo lugar (ou mesmo pelo primeiro) na Liga. A manutenção do Aves é possível, é preciso união, espírito de sacrifício e apoio dos avenses.